BrokenLore: Don't Watch oferece atmosfera sufocante e narrativa bem amarrada 6c5j3i
Jogo de terror psicológico coloca o jogador em uma rotina quebrada por presenças bizarras 233qs
Ano após ano, o gênero de terror busca novas formas de se manter em alta. Alguns jogos apostam em sustos fáceis, os famosos jumpscares. Outros seguem a linha do survival horror, e há também aqueles que preferem o terror psicológico, onde a tensão surge por controlarmos alguém comum diante de algo assustador e incompreensível. 462f37
Esse é o caso de BrokenLore: Don't Watch, desenvolvido pela Serafini Productions como parte da franquia BrokenLore. A desenvolvedora já é conhecida por criar experiências de horror que fazem o jogador refletir sobre o que está acontecendo, mais do que apenas sentir medo. Ainda assim, os elementos clássicos do gênero continuam presentes, com criaturas grotescas e momentos criados para causar agonia e desconforto.
Não olhe para ele 3qt2i
Em BrokenLore: Don't Watch, acompanhamos um dia comum de Shinji, nosso protagonista. Enquanto assiste ao seu anime favorito, ele começa a receber mensagens da amiga Junko, pedindo para entrar em contato com outro amigo em comum, Hideo. Segundo ela, ele estava enviando mensagens estranhas e não atendia ligações. Shinji não dá importância e segue com sua rotina, que, segundo seus pais, é bastante solitária.
No dia seguinte, Junko liga desesperada, pedindo para ele ligar a TV. Hideo havia sido brutalmente assassinado, e a última mensagem que deixou foi um aviso para não olhar para “aquilo”. Sem entender do que se trata, Shinji tenta seguir com a vida, mas tudo muda quando a TV de sua casa se desliga sozinha.
Olhos começam a surgir pelas paredes do apartamento. Uma entregadora de pizza com um sorriso macabro insiste em tocar sua campainha. Um cobrador de serviços de TV começa a ameaçá-lo do lado de fora da porta. E, por fim, a fonte de todos esses terrores aparece, um yokai conhecido como Hyakume, uma criatura cheia de olhos — justamente a entidade que ele não deve encarar.
A trama é envolvente, com o medo do sobrenatural girando em torno da simples ação de olhar para a criatura. As aparições são bem conduzidas, e o jogo ainda brinca com o psicológico do personagem. Há ligações dos pais de Shinji em momentos perturbadores e situações em que parece que o pesadelo vai acabar, mas tudo retorna ao mesmo ponto de partida, reforçando a sensação de desespero.
Terror pelos corredores 883e
Boa parte da trama se a no apartamento de Shinji, com aparições de olhos que precisamos eliminar usando uma faca, leitura de mensagens e interações com o olho mágico da porta. A perspectiva em primeira pessoa contribui bastante para a imersão, especialmente nas partes em que o yokai aparece. Nesses momentos, é necessário usar um comando para que Shinji cubra os olhos, enquanto tentamos encontrar uma forma de fazê-lo desaparecer.
No geral, o loop do jogo gira basicamente em torno dessas ações: destruir olhos, ouvir diálogos e repetir o processo até os créditos finais. Quase no final, o jogo introduz uma mecânica nova, na qual precisamos desligar alguns cabos de TV enquanto somos perseguidos por outra criatura, mas isso acontece praticamente na reta final. Em relação ao terror, ele se apoia mais no psicológico e no design sonoro. Dificilmente o Hyakume ou as aparições repentinas na porta causarão sustos. O ponto forte do título está na história, que é realmente interessante, e na mensagem por trás dela, que dá sentido à jornada até o fim.
Em termos de duração, o jogo é bem curto. Levei menos de duas horas para concluir. Ele possui algum fator replay, com dois finais diferentes — um considerado ruim e outro bom — mas fora isso, não há muito mais além de buscar todas as conquistas disponíveis.
O jogo está localizado em português, inclusive com adaptação na tipografia das mensagens que Shinji recebe no computador. O áudio original está em japonês, o que ajuda na imersão, já que o jogo se a em Tóquio.
Joguei no Steam Deck e tudo funcionou bem, mesmo sem o selo de verificado. Rodando na qualidade baixa, os gráficos ainda estavam bons e, com o FPS destravado, cheguei a ver números acima dos 100 fps. Preferi travar em 60 fps, e não tive nenhuma queda, nem mesmo nas cenas mais carregadas com sangue e olhos. Já na qualidade média, o desempenho caiu para cerca de 30 fps, com quedas perceptíveis.
Considerações 3w1p2s
BrokenLore: Don't Watch entrega uma experiência curta, mas eficiente, com ambientação bem conduzida e um uso inteligente do terror psicológico. A repetição de algumas ações pode pesar com o tempo, mas o jogo compensa isso com uma narrativa intrigante, ritmo ajustado e um uso criativo do espaço limitado do apartamento.
O fato de tudo se ar em um único local contribui para a imersão, assim como a dublagem original em japonês e a localização cuidadosa em português. É um jogo que não depende de sustos fáceis e sabe como trabalhar o desconforto de forma crescente. Mesmo com limitações, cumpre com folga aquilo que propõe.
BrokenLore: Don't Watch está disponível para PC.
Esta análise foi feita no Steam Deck, com uma cópia gentilmente cedida pela Serafini Productions.