Conheça Zika das Artes, de São Mateus, que assina capas de álbuns do trap e rap 6d256d
Com estética que mistura técnicas de artes clássicas ao mundo digital, artista ganha notoriedade no cenário musical 3b4hs
Com nas capas de álbuns de renomados músicos do universo do trap e do rap, o artista visual Kayo Mathias, 23, o Zika das Artes, de São Mateus, na zona leste de São Paulo, celebra um 2023 de conquistas, mudança de rota profissional e a perspectiva de novos projetos em um trabalho que vem alcançando prestígio no cenário musical. 725812
“Trabalhei com grandes artistas, que também foram revelação este ano. Fiz três golaços, a capa do álbum 'Deluxe', do Veigh, a arte toda lá é minha, e fiz a escrita dos álbuns 'Perdas e Ganhos', do Vulgo FK, e 'Contradições', do Kayblack”, conta.
Os trabalhos mais recentes do artista incluem a arte da capa de “Carta Aberta”, novo single do MC Cabelinho, lançado no último dia 27 de novembro, e animações para Vetin, novo álbum do rapper Leviano.
“Acabo tendo muita oportunidade de trabalhar com artistas do rap, do trap, porque trabalho com música periférica, com aqueles que saíram do mesmo lugar que eu e que a gente se entende, que sabemos exatamente o que queremos. A arte de periferia está chegando em peso, tomando de assalto. Estamos em novelas, clipes, filmes e também nos artistas digitais de periferias, que estão tendo oportunidade de mostrar seus trabalhos.”
Zika das Artes destaca a importância da abertura de novos espaços para promoção dos trabalhos produzidos por profissionais das quebradas. Para ele, a PerifaCon 2023, realizada em 30 de julho deste ano, foi um marco impulsionador em sua carreira.
“Foi quando realmente vi o meu tamanho. Tive trocas com gente de outros estados que conheciam o meu trabalho e percebi que dava pra viver disso. Na PerifaCon, tive uma grande oportunidade de fechar um projeto com a Kenner, que foi até a minha mesa e no dia seguinte a gente estava fazendo reunião. Foi quando me descobri artista”, relembra.
Com a Kenner, Kayo desenvolveu quatro artes para a campanha de lançamento de uma coleção do Pantera Negra. O negócio foi o estopim para que ele deixasse o trabalho formal em um escritório para se dedicar integralmente às suas artes.
“Já foi o ganho que eu tinha de salário em um projeto só, então eu ei a manter meu foco total com o trampo de arte digital e desde então estou trabalhando só para mim”, diz o artista.
A jornada rumo à arte digital começou em 2019, quando ele decidiu mergulhar de cabeça nesse universo, praticando e desenvolvendo suas habilidades. Kayo conta ter concluído um curso de arte digital, com certificado da Adobe, mas atribui o aprimoramento de suas técnicas ao interesse e à curiosidade em estudar artes.
“Fui para época renascentista, barroca. Quando comecei a pegar o tipo de pintura, a paleta de cores, as formas geométricas, comecei a ser notado. Acabei encontrando meu jeito de fazer arte, tentando trazer o digital com a pegada tradicional, e isso acabou casando com o interesse de alguns artistas.”
As obras do artista incorporam referências de obras clássicas envolvendo temas contemporâneos.
“Minhas obras parecem ter sido feitas em uma tela de pintura, com textura, respingo de tintas, e borrões. Tudo isso traz uma atmosfera diferente de algo que já conhecemos. Para reforçar isso, minhas principais referências são as pinturas clássicas, desde as renascentistas até as barrocas, de Michelangelo da Caravaggio, com um toque de modernidade, como uma pintura barroca do gol do Richarlison”, exemplifica.
