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"A Sandra é uma caricatura dessa elite que vive numa bolha", diz Felipe Xavier sobre estreia no teatro 67245h

15 mai 2025 - 15h09
(atualizado em 17/5/2025 às 14h09)
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Improvisava vozes, imitava professores, inventava histórias absurdas - e fazia da escola o primeiro palco onde seu talento começava a se revelar. Apesar de ter se formado em Arquitetura pela USP, Felipe Xavier trocou os projetos técnicos pelo microfone. E com ele, criou alguns dos personagens mais icônicos da rádio brasileira. 2sa6l

Em cartaz com a peça Meu Nome é Sandra, no Teatro Multiplan (MorumbiShopping), Felipe encarna ao vivo a personagem Sandra
Em cartaz com a peça Meu Nome é Sandra, no Teatro Multiplan (MorumbiShopping), Felipe encarna ao vivo a personagem Sandra
Foto: Arquivo pessoal / Perfil Brasil

"Desde cedo, entendi que minha vocação era inventar tipos, vozes, situações. O rádio foi o lugar onde essa liberdade pôde existir sem amarras, sem figurino, sem cenário. Só na base da voz e da imaginação de quem ouve", conta.

Foi dessa brincadeira entre amigos que nasceu Os Sobrinhos do Ataíde, programa que inovou o humor radiofônico nos anos 90. O trio - Marco Bianchi, Paulo Roberto Bonfá e Felipe - trouxe um estilo debochado, crítico e criativo, abrindo caminho para uma nova era na comunicação. Anos depois, em voo solo, Felipe criou o já lendário Dr. Pimpolho, o Zé Graça e a inesquecível Sandra, a socialite fútil e feroz que escancara os excessos da elite paulistana.

Três décadas depois, o radialista, ator e roteirista se vê em um novo desafio: transportar toda essa experiência sonora para o teatro. E sem perder a essência.

Felipe leva seu humor de voz para o palco 4n2h6l

Em cartaz com a peça Meu Nome é Sandra, no Teatro Multiplan (MorumbiShopping), Felipe encarna ao vivo a personagem mais pedida pelos ouvintes. Mas com uma proposta inusitada: está sozinho no palco, sem figurino feminino, sem adereços, sem maquiagem.

"É um monólogo de uma hora. Eu ali de cara limpa, só com um microfone e um texto forte. A Sandra se constrói nos gestos, no olhar, no tom. Faço como sempre fiz no rádio: sem mostrar demais. É o público que completa a imagem dela na cabeça", explica.

A peça, dirigida por Cláudia Apóstolo, faz rir, mas também provoca. A personagem critica a elite paulistana com falas afiadas e absurdas, e escancara um mundo tão real quanto surreal.

"Eu venho de classe média alta, estudei em colégio particular, cresci vendo tudo isso de perto. É um universo que eu conheço. Mas como artista, me interessa mostrar o ridículo disso, o vazio, o excesso. A Sandra é uma caricatura dessa elite que vive numa bolha, e rir dela é um jeito de refletir também", afirma.

Felipe acredita que o humor brasileiro a por um momento delicado, mas necessário. "Há muito ruído, muito medo de errar, e pouca ousadia criativa. Mas é também um momento fértil para quem quer se reinventar. E eu precisei fazer isso."

Depois de 30 anos de rádio, a migração para o palco foi um processo que levou quase um ano. "Decorar texto foi um desafio gigante. Nunca tinha feito um monólogo desse tamanho. Mas meu cérebro foi se ajustando à personagem. Usei as redes sociais como laboratório, testei falas, lapidei piadas. A Sandra foi nascendo ali também", revela.

Além de provocar reflexões, o espetáculo tem atraído a atenção de empresas e público diverso. "A peça está sendo um sucesso. Várias empresas já entraram em contato pedindo pocket shows e palestras para funcionários. Felipe é um artista, queremos que a mensagem dele chegue em todo o país, por isso estamos pensando em vários formatos de apresentação além do teatro tradicional", diz Graziela Ferraz, irmã e produtora do humorista.

Entre os personagens cotados para futuras montagens estão o próprio Dr. Pimpolho e o extravagante Capitão Cueca. Mas, por ora, é a voz - e agora o corpo - de Sandra que conduz o público ao riso e à reflexão.

Perfil Brasil
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