Reunião para negociações diretas entre Ucrânia e Rússia na Turquia termina sem acordo de cessar-fogo 1i184t
As delegações ucraniana e russa, mediadas pela Turquia, se reuniram nesta sexta-feira (16) em Istambul, pela primeira vez para negociações diretas, desde março de 2022. Os dois lados discutiram sobre uma eventual reunião entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o russo Vladimir Putin e concordaram com uma grande troca de prisioneiros, mas não com um cessar-fogo, que é uma "prioridade" para Kiev, fazendo pouco progresso em direção à resolução do conflito. 601tl
As delegações ucraniana e russa, mediadas pela Turquia, se reuniram nesta sexta-feira (16) em Istambul, pela primeira vez para negociações diretas, desde março de 2022. Os dois lados discutiram sobre uma eventual reunião entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o russo Vladimir Putin e concordaram com uma grande troca de prisioneiros, mas não com um cessar-fogo, que é uma "prioridade" para Kiev, fazendo pouco progresso em direção à resolução do conflito. 125t5d
Ucranianos e russos concordaram com uma troca "massiva" de prisioneiros, "a uma taxa de 1.000 por 1.000", "nos próximos dias", disse o negociador-chefe russo, Vladimir Medinsky. A proposta foi bem recebida pelo chefe da delegação ucraniana, Rustem Umerov.
Embora o representante russo tenha dito que estava "satisfeito" e pronto "para continuar os contatos" com Kiev após essas discussões, o lado ucraniano criticou as demandas territoriais de Moscou. A Rússia exigiu que a Ucrânia cedesse novos territórios, conforme informações divulgadas por autoridades ucranianas. Os representantes de Kiev consideram as exigências "inaceitáveis" e disseram que as demandas visavam apenas a atrapalhar as negociações, cuja primeira reunião terminou sem acordo.
"Representantes russos estão fazendo exigências inaceitáveis que vão além do que foi discutido antes da reunião", incluindo "a retirada das forças ucranianas de grandes partes do território ucraniano sob seu controle para que um cessar-fogo possa ser estabelecido", disse uma fonte diplomática ucraniana à AFP, sob condição de anonimato.
Esperanças de progresso substancial eram pequenas 153p18
Os dois lados se sentaram frente pela primeira vez desde o início da guerra, na tentativa de encontrar uma solução para o conflito. Entretanto, na ausência dos presidentes Volodymyr Zelensky, que estava na Turquia na quinta-feira, e de Vladimir Putin, que não aceitou o convite para viajar ao país, as esperanças de progresso substancial eram consideradas pequenas.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia compartilhou uma foto das duas delegações sentadas frente a frente, cercadas por mediadores turcos, no encontro que durou 1h40 min. A televisão estatal russa também transmitiu imagens. Por volta das 15h20 pelo horário local (8h20 em Brasília), o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, que participou das negociações, informou que a reunião estava "encerrada".
"É de crucial importância que um cessar-fogo seja implementado o mais rápido possível", disse Fidan, acrescentando que "cada dia de atraso resulta em mais perdas de vidas". O chefe da diplomacia turca também considerou "muito importante" que essas discussões "formem a base" para um encontro entre os presidentes russo e ucraniano.
Altos funcionários ucranianos também se encontraram com representantes de segurança europeus na sexta-feira, conforme uma fonte da delegação ucraniana à AFP. A reunião ocorreu entre o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiga, e o chefe da istração presidencial ucraniana, Andrii Yermak, e conselheiros de segurança ses, alemães e britânicos, bem como o enviado dos Estados Unidos, Keith Kellogg, disse a fonte.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que chegou a Istambul esta manhã, não participou das negociações entre Moscou e Kiev. O chefe da diplomacia americana se encontrou com seu colega turco, Hakan Fidan, e o chefe da diplomacia ucraniana, Andrii Sybiga, de acordo com uma autoridade americana.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que "nada acontecerá (...) até que (Vladimir Putin) e eu estejamos juntos".
Mais cedo, o chanceler alemão Friedrich Merz comemorou a realização de negociações diretas entre Moscou e Kiev, em uma tentativa de encerrar a guerra. "O fato de eles estarem se reunindo hoje, pela primeira vez em três anos e meio, é um primeiro sinal, pequeno, mas positivo", disse Merz em Tirana, onde participou da cúpula da Comunidade Política Europeia.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, por sua vez, havia pedido uma "forte reação" da comunidade internacional, caso as negociações com a Rússia fracassem. "Se acontecer de a delegação russa estar lá apenas para as aparências e não conseguir obter nenhum resultado hoje, então todos terão que responder", disse Zelensky, que também participava de uma agenda com países europeus na capital da Albânia. "É preciso haver uma reação forte, incluindo sanções", acrescentou ele, lamentando que o presidente russo Vladimir Putin estivesse "com medo" de ir a Turquia.
"Eu estava em Ancara ontem e estava pronto para um encontro direto com Putin", acrescentou Zelensky. "Mas ele não aceitou nada do que eu propus. E você pode ver que a delegação russa que veio a Istambul é de um nível muito baixo. Nenhum deles pode realmente tomar decisões na Rússia", observou. "Se os representantes russos em Istambul não conseguirem sequer concordar com um cessar-fogo, ficará 100% claro que Putin continuará a enfraquecer a diplomacia", concluiu o presidente ucraniano.
Para o presidente francês Emmanuel Macron, a Rússia "não tem desejo" de concluir um cessar-fogo na Ucrânia. Nessa sexta-feira, ele disse que seria necessário "aumentar a pressão" para isso. "As últimas horas mostraram que a Rússia não quer um cessar-fogo e (que) se não houver pressão crescente dos europeus e dos americanos para atingir esse resultado, ele não será espontâneo", disse o chefe de Estado. Falando na abertura de uma cúpula da Comunidade Política Europeia (CEP), em Tirana, Macron se referia às novas sanções contra Moscou. O evento reúne os líderes dos 27 estados-membros da UE e cerca de vinte outros países europeus, que têm visões diferentes sob aspectos da guerra.
"Grande erro" 1i5u5x
Horas antes do início das negociações na Turquia, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, avaliou que o presidente russo, Vladimir Putin, cometeu um "grande erro" ao enviar uma equipe de "segunda categoria" para conversas com a Ucrânia em Istambul. "Acho que Putin cometeu um grande erro", disse Rutte, também presente em Tirana. "Ele sabe muito bem que a bola está do seu lado, que está em dificuldades e que cometeu um erro enorme", continuou, na capital albanesa. "Acho que toda a pressão agora está sobre Putin", acrescentou.
De acordo com o Secretário-Geral da OTAN, Kiev, diferentemente de Moscou, adotou uma atitude construtiva. "Acho muito bom que os ucranianos estejam na mesa de negociações", enfatizou Rutte. "Eles enviaram uma delegação que está realmente pronta para negociar um cessar-fogo", disse.
Foi o próprio Vladimir Putin quem propôs negociações diretas entre os dois países. Porém, desafiado pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a ir "pessoalmente" a Istambul para negociar com ele, o líder russo não aceitou. A delegação russa é liderada pelo conselheiro de Vladimir Putin, Vladimir Medinsky, ex-ministro da Cultura.
A Rússia, que ordenou que seu exército invadisse a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, reivindica a anexação de quatro regiões que já controla parcialmente no sul e leste do país vizinho — Donetsk, Lugansk, Kherson, Zaporizhzhia —, além da península da Crimeia, anexada em 2014. No final de março, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, declarou que o "reconhecimento internacional" da anexação desses territórios a Moscou é "imperativo" para a resolução do conflito.
(Com RFI e AFP)