Como papa Francisco tocou coração de imigrante dizendo: 'Somos todos iguais' 6i672g
Ele falou repetidamente em favor dos pobres e marginalizados e criticou os países que rejeitavam os imigrantes 5k6029
O papa Francisco defendeu incansavelmente os imigrantes e marginalizados durante seu papado, destacando a necessidade de compaixão e auxílio a refugiados, enquanto criticava países e líderes que priorizam barreiras em vez de pontes.
Diane Karla Abano, uma imigrante filipina que vive em Roma, tem memórias vívidas do dia em que o papa Francisco tocou seu coração e a fez se sentir em casa, beijando suas duas filhas durante uma audiência na Praça de São Pedro em maio de 2018. 466l5h
"No momento em que estendi a mão para o papa e vi seu sorriso, não sei, toda a mágoa, toda a dor que sentia, se transformou em felicidade e esperança", disse Abano, com a voz embargada e lágrimas brotando em seus olhos enquanto mostrava fotos do evento.
"Aos olhos do papa Francisco, não somos imigrantes, somos todos o mesmo povo", nem filipinos, nem indianos, nem asiáticos, afirmou.
Ela esteve de volta à Praça de São Pedro esta semana, na fila com dezenas de milhares de outros enlutados para prestar suas últimas homenagens a um homem cuja breve bênção foi transformadora.
Francisco, filho de imigrantes italianos na Argentina, colocou a situação dos imigrantes e refugiados no centro de sua agenda moral durante seus 12 anos de papado, intervindo pessoalmente para ajudar os requerentes de asilo e pressionando os governos a fazerem muito mais para ajudar.
Ele falou repetidamente em favor dos pobres e marginalizados e criticou os países que rejeitavam os imigrantes.
Sua primeira viagem para fora de Roma depois de ser eleito papa em 2013 foi para a pequena ilha italiana de Lampedusa para prestar homenagem a milhares de pessoas que se afogaram no Mediterrâneo enquanto tentavam chegar à Europa e a uma vida melhor.
Em 2016, ele visitou a ilha grega de Lesbos e levou consigo uma dúzia de refugiados sírios à Itália em seu avião. Em 2021, voou para Chipre e novamente garantiu a agem segura de um grupo de 50 requerentes de asilo.
Entre elas estava Grace Enjei, que escapou dos conflitos em seu país natal, Camarões, em 2020 e acabou presa na chamada "zona-tampão" que divide a ilha enquanto tentava alcançar um território que faz parte da União Europeia.
Pouco antes da viagem, autoridades do Vaticano lhe disseram que o papa havia tomado conhecimento da situação daqueles que estavam presos em um limbo legal e havia providenciado sua transferência para a Itália.
"Estávamos tão felizes, tipo, cantando a noite toda, dançando, comemorando, na verdade. Algo tão, tão, tão bom", disse Enjei.
Dias depois de chegar à Itália, Enjei foi inesperadamente convidada para comemorar o aniversário do papa Francisco.
"Ele perguntou: 'Essas são as pessoas da zona-tampão?' e nós respondemos: 'Sim, sim, sim'. Ele disse: 'ouvi a história de vocês e fiquei tão emocionado que precisava fazer alguma coisa'", contou Enjei.
Pontes, não muros 1cz1m
O falecido papa pediu repetidamente aos líderes políticos que defendessem os imigrantes, dizendo que a segurança deles deveria ter precedência sobre as preocupações com a segurança nacional.
Em 2015, ele se tornou o primeiro papa a se dirigir ao Congresso dos EUA, onde relembrou sua própria história de migração e disse que era natural que as pessoas cruzassem fronteiras em busca de melhores oportunidades para elas e suas famílias.
"Não é isso que queremos para os nossos próprios filhos?", disse ele. "Digo isso a vocês como filho de imigrantes, sabendo que muitos de vocês também são descendentes de imigrantes."
Em 2016, ele entrou em conflito público com Donald Trump — que estava em campanha para seu primeiro mandato na Casa Branca — sobre os planos de construir um muro entre os Estados Unidos e o México para impedir a entrada de imigrantes.
"Uma pessoa que pensa apenas em construir muros, onde quer que estejam, e não em construir pontes, não é cristã", disse Francisco aos repórteres. Trump, que comparecerá ao funeral do papa no sábado, afirmou na ocasião que era "vergonhoso" que um líder religioso questionasse a fé de uma pessoa.
