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Como destruição de bombardeiros pela Ucrânia afeta poderio da Rússia: 'Verdadeiro desastre' 2o2s6i

Especialistas afirmam que Rússia terá de repensar a atuação dos bombardeiros estratégicos e deve utilizar mais seus caças de combate no conflito após ataque ucraniano que destruiu diversas aeronaves em bases russas 3z6oe

2 jun 2025 - 18h17
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Os antigos Tu-95 são a 'espinha dorsal' da frota de bombardeiros estratégicos da Rússia
Os antigos Tu-95 são a 'espinha dorsal' da frota de bombardeiros estratégicos da Rússia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A Ucrânia voltou a surpreender a Rússia e ao mundo com um ataque que parece ter saído de uma cena de Hollywood. 482b54

Após ações como a invasão de parte da região fronteiriça de Kursk, o afundamento do navio-líder da Marinha russa — o Moskva —, a destruição de várias refinarias de petróleo e a explosão de uma seção da ponte que conecta a península da Crimeia com a Rússia, agora também atacaram o orgulho da aviação do Kremlin.

Grupos de comando ucranianos se infiltraram dentro do território inimigo e lançaram, no domingo (01/06), dezenas de drones armados contra quatro bases aéreas nas quais está estacionada parte da frota russa de bombardeiros estratégicos.

"A Rússia sofreu perdas significativas, justificadas e completamente merecidas", declarou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenksky, que garantiu que a operação realizada por seus serviços de inteligência "inegavelmente terminará nos livros de história".

Fontes de Kiev, blogueiros russos favoráveis ao Kremlin e especialistas independentes informaram sobre a destruição total ou parcial de vários aviões.

E embora haja divergências quanto ao número de aeronaves atingidas, todos concordam que foi um golpe duro para a aviação militar, que verá sua capacidade de combate reduzida "significativamente".

Zelensky classificou como 'brilhante' o ataque realizado por seus serviços de inteligência contra várias bases aéreas na Rússia
Zelensky classificou como 'brilhante' o ataque realizado por seus serviços de inteligência contra várias bases aéreas na Rússia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Sobre os alvos 144p30

Uma chuva de drones armados caiu sobre as bases aéreas de Belaya, na Província de Irkutsk, no leste da Sibéria; de Olenya, na região norte de Murmansk, próximo da fronteira com a Noruega; e de Dyagilevo e Ivanovo, no centro da Rússia.

Vídeos divulgados pelo SBU, serviço de inteligência ucraniano, mostram como, em plena luz do dia, os enormes aviões, que estavam estacionados nas pistas de pouso dos aeródromos, começaram a explodir de repente.

O presidente ucraniano afirmou que 40 aeronaves foram destruídas, o que, se for verdade, significaria que um terço ou mais da frota russa de bombardeiros estratégicos foi inutilizada. Alguns especialistas estimam entre 90 e 120 o número de bombardeiros estratégicos que a Rússia possui.

A partir de imagens satélites e vídeos, o serviço russo da BBC contabilizou entre 11 e 12 aeronaves danificadas.

Entre os aviões neutralizados estão os Tupolev 95 (Tu-95) e 22M3. Kiev também diz ter destruído um Beriev A-50, um avião de rastreamento e inteligência, e pelo menos dois Tu-160.

Qual é a importância desses aparelhos?

Os Tu-95 são aeronaves enormes que começaram a operar em 1952 na antiga União Soviética, com o propósito de servir como bombardeiros estratégicos, ou seja, para transportar grandes quantidades de bombas e mísseis a longas distâncias e grandes altitudes.

O avião Tu-95 foi projetado nos tempos de Stalin, pode carregar oito mísseis e atingir 900 km por hora
O avião Tu-95 foi projetado nos tempos de Stalin, pode carregar oito mísseis e atingir 900 km por hora
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Apelidado de "Urso" pelos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), esse modelo de avião faz parte da "tríade nuclear" — o conjunto de forças capazes de viabilizar o uso de armas atômicas — da Rússia, segundo a página do site do fabricante.

Apesar de ser bastante barulhento — por causa de seus motores turboélices —, pode chegar a 900 quilômetros por hora, o que faz dele o avião mais rápido da sua categoria.

Os analistas questionam a capacidade dessa aeronave obsoleta de sair do espaço aéreo russo em missões de combate sem ser derrubada por um inimigo. Contudo, o Kremlin ordenou à Tupolev — empresa aeroespacial russa — que as submetesse a trabalhos que permitam mantê-las em operação até 2040, segundo o site da companhia.

Faz apenas alguns dias que dez desses aviões foram utilizados por Moscou para lançar mísseis de cruzeiro — com capacidade para percorrer 3.500 km de distância em uma hora — contra alvos em diferentes regiões da Ucrânia.

As enormes aeronaves foram adaptadas para levar até oito mísseis.

Aviação russa foi alvo de drones ucranianos na fronteira com a Noruega
Aviação russa foi alvo de drones ucranianos na fronteira com a Noruega
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Além do Urso 276

Entre os aviões destruídos estão alguns dos Tu-22M3. Esse é um birreator supersônico projetado na década de 1970 pela extinta União Soviética. Segundo a página da Tupolev, em 2018 uma dessas aeronaves foi totalmente modernizada.

Kiev também diz que destruiu um Beriev A-50, um avião de reconhecimento e inteligência, e ao menos dois Tu-160, conhecidos pelo apelido de Cisnes Brancos.

Se confirmado isso, representaria um golpe duro para a aviação russa, porque essas aeronaves supersônicas são as maiores e mais poderosas dentro do grupo de bombardeiros estratégicos do país.

No entanto, dos aviões que entraram em operação em meados de 1980, foram construídas pouco mais de 20 unidades, e estima-se que somente 15 estejam em funcionamento atualmente.

Em seu site, a Tupolev informa que em 2015 retomou sua fabricação e que em 2018 voou o primeiro deles.

"As Forças Aeroespaciais russas perderam não apenas dois de seus aviões mais raros, mais dois verdadeiros unicórnios do bando", escreveu Oleksandr Kovalenko, analista militar ucraniano.

Dois Tu-160, apelidados como Cisnes Brancos, também foram neutralizados no ataque ucraniano, segundo Kiev
Dois Tu-160, apelidados como Cisnes Brancos, também foram neutralizados no ataque ucraniano, segundo Kiev
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Perdas irrecuperáveis 4q4f4d

"Com a destruição, confirmada visualmente, de cerca de oito bombardeiros Tu-95, um Tu-22M3 e várias outras aeronaves, provavelmente incluindo algum outro Tu-95 e um A-50U, esse é um sucesso grandioso para os serviços de inteligência ucranianos", declarou à BBC News Mundo — serviço em espanhol da BBC — o especialista em temas de defesa Justin Bronk.

Membro do Real Instituto de Serviços Unidos do Reino Unido (RUSI, sigla em inglês), ele lembrou que a maioria dos aviões afetados pelo inédito ataque data da época soviética, o que torna a substituição algo difícil para Moscou.

"Não se produz mais um Tu-95 há 30 anos e a produção e modernização do Tu-160 é feita em uma escala muito limitada, por isso, repor as aeronaves perdidas será um grande desafio", explicou.

E acrescenta: "O Tu-22MR, que a Rússia utiliza para lançar mísseis antinavio quase balísticos contra a Ucrânia, também não é produzido desde a década de 1990, e pelo menos dois já haviam sido perdidos desde 2022".

Essa versão é respaldada pelo Instituto de Estudos de Guerra dos Estados Unidos (ISW, sigla em inglês), que classificou as aeronaves destruídas como "impossíveis de substituir".

"A Rússia já não produz os chassis para os bombardeiros Tu-95, Tu-22 (...), isso é um verdadeiro desastre", afirma o relatório do ISW, que cita o blogueiro Butusov Plus, próximo do Kremlin.

Durante o mandato de Putin, foi retomada a fabricação dos Tu-160, mas especialistas dizem que apenas a entrega de uma unidade foi informada oficialmente
Durante o mandato de Putin, foi retomada a fabricação dos Tu-160, mas especialistas dizem que apenas a entrega de uma unidade foi informada oficialmente
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

As consequências 552b3y

Seja qual for o balanço definitivo dos ataques ucranianos, os especialistas dão por certo que o alto comando russo terá de repensar a atuação dos bombardeiros estratégicos.

"Isso terá um impacto significativo na capacidade das forças russas de longo alcance", afirmou Bronk.

"É difícil que consigam executar seus ataques regulares com mísseis de cruzeiro contra cidades e infraestruturas ucranianas e, ao mesmo tempo, realizar suas patrulhas de dissuasão nuclear e demonstração de força contra a Otan [a oeste] e o Japão [a leste]", acrescentou.

"A frota tem sido submetida a uma carga de trabalho intensa durante a guerra", concluiu.

Uma visão compartilhada pelo ISW, que acredita que Moscou deixará de empregar seus bombardeiros estratégicos e recorrerá a outras aeronaves de sua frota.

"É provável que a Rússia recorra aos aviões de combate Sukhoi, o que sugere que há uma preocupação com a escassez de bombardeiros estratégicos", indicou o centro de estudos.

Contudo, até agora Moscou evitou usar esses aparatos de maneira mais intensa, pois, por serem menores e terem menos alcance, precisam ingressar no território ucraniano e enfrentar suas defesas antiaéreas para realizar suas missões.

Os bombardeiros, por sua vez, podem lançar seus mísseis de dentro do território russo.

Especialistas têm dúvidas sobre a capacidade russa de seguir usando bombardeiros estratégicos para atacar a Ucrânia
Especialistas têm dúvidas sobre a capacidade russa de seguir usando bombardeiros estratégicos para atacar a Ucrânia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Não foram apenas as capacidades da aviação militar que foram afetadas pelo ataque ucraniano, mas também a imagem das Forças Armadas e do governo russo.

Apesar da censura e do medo, não são poucos dentro da Rússia que classificam o que aconteceu no domingo como um novo "fracasso" da liderança militar.

Alguns dos ataques, como o registrado contra a base Belaya, ocorreu a mais de 4.000 km da fronteira com a Ucrânia.

"Isso é um duro golpe e revela grandes erros da inteligência russa", escreveu Rybar, uma conta no Telegram próxima ao exército russo.

Mais contundente foi o deputado russo Andrei Gurulev, que classificou o ocorrido como um "fracasso".

"Existem sérias dúvidas sobre como chegaram até lá [os comandos ucranianos], por que os aeródromos não foram protegidos e quem permitiu que isso acontecesse. É preciso realizar uma investigação minuciosa", afirmou o legislador, que é general aposentado e foi vice-comandante de um dos distritos militares do país.

"Presume-se que essas bases [atacadas] estão entre os pontos mais altamente protegidos da Rússia", afirmou Peter Dickinson, editor da revista Business Ukraine.

O analista afirma que os acontecimentos acionaram alertas no governo russo, já que "indicam que a Ucrânia tem capacidades para fazer mais coisas do que o Kremlin poderia imaginar".

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