"Fui agredida fazendo o meu trabalho", diz Marina Silva após deixar audiência pública no Senado 5m5j9
Sob vaias, microfone cortado e ataques verbais, a ministra Marina Silva deixou uma audiência pública no Senado nesta terça-feira (27), após se sentir desrespeitada por senadores durante discussão sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial. 51665e
A reunião, organizada pela Comissão de Infraestrutura, havia convidado a ministra do Meio Ambiente para explicar a proposta de criação de uma área de proteção marinha na região. O debate, no entanto, gerou ofensas pessoais. "Vocês [mulheres], no governo anterior, foram agredidas fazendo o seu trabalho e, agora, fui agredida fazendo o meu trabalho tecnicamente", afirmou a ministra, ao conversar com jornalistas após deixar a audiência.
Marina Silva reage a falas de senadores 5d4q44
Durante a sessão, a condução dos trabalhos feita pelo senador Marcos Rogério (PL-RO) foi alvo de críticas. Ele interrompeu diversas falas da ministra e ironizou suas queixas. Em resposta, Marina declarou que ele desejava vê-la como "uma mulher submissa". "E eu não sou", completou.
Na sequência, o senador se voltou à ministra com um tom ríspido: "Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar". A fala gerou reações imediatas de outros parlamentares, que acusaram o senador de machismo e desrespeito.
Eliziane Gama (PSD-MA) foi uma das que se manifestaram contra a postura de Rogério, enquanto Rogério Carvalho (PT-SE) incentivou Marina a deixar o local, considerando a atmosfera hostil da audiência.
Antes de sair, a ministra também respondeu a uma provocação do senador Plínio Valério (PSDB-AM). Ele declarou que "a mulher merece respeito e a ministra, não". Em tom firme, Marina retrucou: "Sou uma mulher de luta e de paz. Mas, nunca vou abrir mão da luta. Não é pelo fato de eu ser mulher que vou deixar as pessoas atribuírem a mim coisas que [eu] não disse."
A ministra exigiu desculpas do parlamentar, que se recusou. "Não vou [pedir desculpas]", respondeu ele. Diante da negativa, Marina se levantou e deixou a sessão.
O episódio encerra uma série de embates entre Marina e senadores da oposição. Ainda nesta terça, ela respondeu a uma declaração anterior de Plínio, que havia zombado dela num evento no Amazonas: "Imaginem o que é ficar com a Marina seis horas e dez minutos sem ter vontade de enforcá-la."
Marina reagiu: "Com a vida dos outros não se brinca. Quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo? Só os psicopatas são capazes de fazer isso." O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), preferiu não comentar o caso.