Script = https://s1.trrsf.com/update-1748548509/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Coluna | Paixão e rivalidade: A mente do torcedor gaúcho 62h44

No nosso estado, tradicionalista e intenso, torcer para futebol é quase uma unanimidade, sendo os maiores exemplos do estado a dupla, Internacional x Grêmio 10303c

26 mai 2025 - 12h54
Compartilhar
Exibir comentários

Para entender o que acontece na cabeça de um torcedor durante essa rivalidade histórica, pesquisadores têm se debruçado sobre os mecanismos cerebrais e emocionais que transformam pessoas comuns em fanáticos apaixonados. 25126u

Foto: Reprodução / Porto Alegre 24 horas

Quando um torcedor colorado ou gremista assiste a um Grenal, seu cérebro a por alterações químicas significativas. Segundo estudo publicado em 2023 pela Universidade Federal Fluminense (UFF), o simples ato de visualizar imagens do time do coração ativa circuitos emocionais específicos no cérebro. "As pessoas mais fanáticas demonstram maior excitação com diferentes tipos de imagem, tanto do time favorito quanto do time rival", explica o professor Erick Francisco Quintas Conde, responsável pela pesquisa.

Essa reação não é por acaso. O cérebro libera endorfina, o neuro-hormônio do prazer, quando vemos nosso time vencer. Por outro lado, imagens do rival provocam respostas emocionais negativas, ativando áreas cerebrais ligadas ao desprazer e, em alguns casos, à agressividade.

A rivalidade Grenal é conhecida por sua intensidade, mas o que leva alguns torcedores a comportamentos extremos? Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostram uma correlação direta entre níveis de fanatismo e tendência à agressividade. "Quanto mais fanática for a pessoa, maior a tendência a comportamentos violentos", aponta o estudo publicado na Revista Brasileira de Psicologia do Esporte em 2021.

Os pesquisadores utilizaram a Escala de Fanatismo em Torcedores de Futebol (EFTF) e o Questionário de Agressividade para medir esses níveis. Os resultados mostraram correlações quase perfeitas: quanto maior o fanatismo, maior a expressão da agressividade em diferentes dimensões.

O fanatismo por Internacional ou Grêmio vai além do esporte. Estudos de psicologia social indicam que torcer por um time cria um forte senso de identidade e pertencimento. "O clube se torna parte da identidade pessoal do torcedor, criando laços emocionais profundos", explica a pesquisa "Violência entre torcedores de futebol: prevalência de comportamentos agressivos na dupla Grenal", publicada pela UFRGS em 2020.

Esse sentimento de pertencimento explica por que muitos torcedores se referem ao time como "nós" e sentem as vitórias e derrotas como experiências pessoais. A neurociência mostra que, para o cérebro, não há muita diferença entre vencer um jogo e conquistar algo importante na vida real.

Um aspecto fascinante revelado por pesquisas recentes é como o cérebro processa diferentemente as imagens do time favorito e do rival. Estudos de neuroimagem mostram que, ao ver o time do coração, há ativação assimétrica de estruturas límbicas, como a amígdala, predominantemente no hemisfério esquerdo do cérebro, associado a emoções positivas.

Já quando um colorado vê imagens do Grêmio (ou vice-versa), ocorre uma inversão nos padrões de ativação cerebral. "Torcedores fanáticos apresentam alterações neurofuncionais reveladas por diferenças significativas nos indicadores de congruência entre hemisfério cerebral e resposta motora", explica o estudo publicado em 2024 na revista Ciências Psicológicas.

Especialistas alertam que o fanatismo no Grenal precisa ser encarado como um fenômeno psicossocial complexo. "Não são suficientes apenas medidas paliativas, como aumentar a presença de policiais nos estádios", afirma o professor Conde. Para ele, o fanatismo "precisa ser alvo de políticas públicas e medidas socioeducativas".

A boa notícia é que a paixão pelo futebol também traz benefícios. O sentimento de comunidade, a catarse emocional e a alegria compartilhada são aspectos positivos dessa experiência. O desafio está em manter a rivalidade no campo saudável da competição esportiva, sem que o cérebro do torcedor transforme a paixão em hostilidade.

Entender os mecanismos cerebrais e psicológicos por trás do fanatismo pode ser o primeiro o para promover uma cultura de respeito entre os torcedores gaúchos, preservando a beleza da rivalidade sem seus aspectos destrutivos.

Texto: Luam Ferrari

Porto Alegre 24 horas
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade