Todos os jogos de Street Fighter, do pior ao melhor, segundo Rolling Stone 164v54
De sensações de arcade a clássicos do eSports, aqui estão nossas escolhas para os concorrentes à coroa da franquia de jogos de luta 6p3a3z
Hadōken! Parece uma palavra sem sentido, e na maior parte é, apesar de se traduzir como "Punho de Movimento Onda" do japonês. Mas, quando gritada, ela incorpora um fenômeno da cultura pop que desperta nostalgia em várias gerações de gamers — e provavelmente até em pessoas que nunca sequer pegaram num controle. 3om4r
O golpe mais famoso, talvez, de todos os jogos de luta, o Hadōken de Street Fighter — e, por extensão, o Shōryūken ("Punho do Dragão Ascendente") — representam o auge de um certo tipo de jogo: ível culturalmente, viciante ao extremo, com uma competição que qualquer um pode experimentar. Talvez você tenha memorizado o movimento em quarto de círculo no joystick, talvez tenha se atrapalhado no fliperama até, acidentalmente, soltar um deles — não importa. A alegria de lançar um golpe de ki no seu amigo é universal.
Tudo começou lá em 1987, quando Capcom lançou pela primeira vez Street Fighter, um jogo revolucionário (para a época) nos fliperamas, que permitia aos jogadores resolverem suas disputas não batendo os recordes uns dos outros, mas sim batendo um no outro. Estrelado pelo icônico Ryu e apresentando botões sensíveis à pressão, era uma pequena e divertida esquisitice que abriu as portas para uma das maiores dinastias dos videogames e mudou para sempre a cara do entretenimento digital.
Mas a verdadeira revolução começou em 1991, com o lançamento de Street Fighter II. Aperfeiçoando todas as ideias introduzidas no primeiro jogo, ele reuniu controles simples, mas com uma profundidade mecânica enorme, personagens culturalmente diversos de todo o mundo e uma apresentação marcante que conquistaria os fliperamas — e, eventualmente, as salas de estar — com força total.
A partir daí, a série teria seus altos e baixos. De um número astronômico de relançamentos e títulos confusos, ando por sub-séries concorrentes que dividiram e canibalizaram a base de fãs, até eventualmente perder espaço para outros jogos de luta concorrentes e novos gêneros, o legado de Street Fighter viveria, de forma talvez apropriada, principalmente nas comunidades dedicadas underground e nas memórias das pessoas — até finalmente encontrar seu lugar no crescente mundo dos e-sports e nas plataformas de streaming ao vivo, como a Twitch.
Em 2023, o lançamento mais recente da franquia chegou com Street Fighter 6, reinventando a série para uma nova era e atraindo novamente a atenção ao figurar como destaque em torneios como o Evo (Evolution Championship Series). Para celebrar seu segundo aniversário, vamos fazer uma viagem no tempo para ranquear, de forma definitiva, cada um dos jogos principais da série, sem incluir os crossovers (desculpe, fãs de Marvel vs. Capcom).
Mas um aviso importante: Street Fighter é uma série que pode ser confusa de se discutir. Embora haja apenas um punhado de jogos principais (em comparação, por exemplo, aos 12 de Mortal Kombat), praticamente todo jogo da série foi relançado diversas vezes, com novos personagens, ajustes de balanceamento e mudanças na interface. Às vezes, um jogo ganha uma sequência direta em uma sub-série; outras vezes, é considerado apenas uma atualização. Assim, para manter as coisas organizadas, vamos ranquear, tecnicamente, as "séries" dos jogos principais aqui.
Isso significa que Street Fighter II, Street Fighter II: Champion Edition, Street Fighter II: Hyper Fighting, Super Street Fighter II e Super Street Fighter II: Turbo vão contar como uma única entrada. Acredite, é mais fácil assim.
E com isso… fight!
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9º) Street Fighter (1987) 3a6m2e
Sim, é verdade. O primeiro é o pior. Apesar de ter dado início à franquia e introduzido praticamente todo o conceito de jogo de luta um-contra-um como conhecemos hoje, o primeiro Street Fighter é facilmente a pior entrada da série. Criado por Takashi Nishiyama e Hiroshi Matsumoto, e lançado nos fliperamas em 1987, o jogo realmente introduziu várias convenções que se tornaram padrão na indústria: o layout de seis botões, os golpes especiais, os fundamentos do combate 1x1 e, claro, o elenco eclético de lutadores internacionais, incluindo os icônicos Ryu e Ken. Mas hoje? É difícil de jogar. Com controles duros e pouco responsivos, diverte por alguns minutos, até que você anseie por algo melhor.
8º) Street Fighter: The Movie (1995) s63y
Mas para mim, foi numa terça-feira.
Em 1995, a febre de Street Fighter já havia atingido seu auge. O segundo jogo estava em circulação há quatro anos, os concorrentes eram muitos e, claro, Hollywood já havia se envergonhado com uma adaptação deliciosamente terrível. Aproveitando o sucesso camp do filme de 1994 estrelado por Jean-Claude Van Damme, duas versões deste jogo foram produzidas: uma para os fliperamas, feita pela Incredible Technologies, e outra para os consoles, desenvolvida pela própria Capcom. Esta última até se joga vagamente como um Street Fighter, mas ambas pegaram emprestada a técnica visual do maior rival da série, Mortal Kombat, utilizando versões digitalizadas dos atores do filme (incluindo Kylie Minogue!), em vez dos tradicionais modelos em pixel art.
No fim das contas, é um jogo ruim elevado pela sua novidade absurda — exatamente como o filme que o inspirou.
7º) Street Fighter EX — EX (1996); EX Plus (1997); EX2 (1998); EX2 Plus (1999); EX3 (2000) 333e2b
Cinco anos após o sucesso estrondoso de Street Fighter II, a série ava por uma espécie de crise de identidade. Em meio à forte competição não só do Mortal Kombat, mas de uma série de franquias de arcade e console como Tekken, da Namco — que superou tanto os sprites quanto a digitalização ao apostar em modelos totalmente poligonais em 3D —, muitos sentiram que o "original" precisava evoluir para sobreviver.
Assim surgiu a série EX. Tecnicamente competente o bastante para ser reconhecida como Street Fighter, mas imitando o estilo visual de Tekken e Virtua Fighter, essa sub-série encantou jogadores que queriam algo mais "moderno" da franquia, e continuou com múltiplos lançamentos em fliperamas e consoles. Felizmente, Capcom continuaria produzindo diversas outras versões totalmente em 2D para os mais "puristas" entre nós.
6º) Street Fighter Alpha — Warriors' Dreams (1995); Alpha 2 (1996); Alpha 3 (1998) 33d
A primeira grande sequência de Street Fighter II, a série Alpha serviu como prequela da (itidamente esparsa) história do jogo. Situando-se entre as duas primeiras entradas, a trilogia Alpha apresentou versões um pouco mais jovens do elenco de Street Fighter II, trouxe uma porção de novos lutadores e ainda reintroduziu diversos personagens do jogo original. Também serviu para fazer a ponte entre o universo de Street Fighter e o de Final Fight, consolidando que as duas séries se am no mesmo mundo.
Os sprites com design inspirado em anime foram adaptados de X-Men: Children of the Atom e reutilizados em praticamente todos os grandes títulos crossover nos anos seguintes, consolidando esse estilo visual como o "visual definitivo" de Street Fighter para toda uma geração de jogadores que talvez fossem muito jovens para a era SNES/Genesis. Com controles rápidos e frenéticos, os jogos da série Alpha continuam extremamente jogáveis — talvez até mais do que o próprio Street Fighter II.
5º) Street Fighter V — Street Fighter V (2016); Arcade Edition (2018); Champion Edition (2020) 2j2p2h
Embora sua imagem tenha se suavizado com o tempo, Street Fighter V, de 2016, teve alguns grandes problemas no lançamento. Foi o primeiro Street Fighter lançado na chamada era "moderna" dos games, saindo como um jogo bastante incompleto, pensado para ser expandido com recursos de live service e "season es". No mundo atual, saturado de jogos como Fortnite, isso talvez não fosse um problema, mas para um jogo cujo antecessor revigorou toda a comunidade dos jogos de luta, foi um golpe difícil de engolir.
Então, por que está tão bem colocado na lista? Bem, eles consertaram. Ao longo de cinco temporadas, Street Fighter V evoluiu de uma piada sem conteúdo para a oferta mais robusta da série. Visualmente impressionante e complexo, permaneceu como um dos maiores jogos da comunidade FGC (Fighting Game Community) e dos e-sports — pelo menos até a chegada de Street Fighter 6.
4º) Street Fighter II — The World Warrior (1991); Champion Edition (1992); Hyper Fighting (1992); Super (1993); Turbo (1994) 2m1r49
Aqui está ele: o patriarca de todo o gênero de jogos de luta! Existem inúmeras razões pelas quais Street Fighter II, de 1991, se tornou o fenômeno cultural que foi. Ele pegou tudo que o primeiro jogo tentou fazer e aperfeiçoou a execução. Com seus visuais pixelados ricos, personagens únicos e facilidade de jogar, moldou toda uma geração de games que viriam depois.
E, embora tenha também dado início a algumas das piores tendências da indústria, como os constantes relançamentos iterativos, ao menos suas cinco versões lançadas entre 1991 e 1994 pareciam melhorias distintas. Disponível em praticamente todos os consoles e em qualquer fliperama ou bar retrô mais descolado no seu bairro, o jogo continua extremamente jogável. E, embora seu impacto por si só pudesse garantir o topo do ranking — afinal, foi o jogo de luta mais vendido da história até bem depois da década de 2010 —, os jogos seguintes da série acabariam por construir sobre essa base para melhorar (ou até revolucionar completamente) o que ele oferecia.
3º) Street Fighter 6 (2023) 1x4o9
Após a decepção e a posterior redenção de Street Fighter V, muita coisa estava em jogo para sua eventual sequência. Em uma era em que a popularidade de Street Fighter havia se restringido quase exclusivamente ao território dos e-sports, será que Capcom conseguiria reinventar a série para um público mais casual? Com certeza.
Apesar de se apoiar na base mais voltada ao público hardcore de Street Fighter III, o sexto título numerado da franquia conseguiu mesclar perfeitamente a complexidade mecânica com recursos íveis para iniciantes, fazendo a ponte entre o ado e o presente da série. Seu novo esquema de controle "Moderno" permite que novatos realizem os golpes mais espetaculares sem precisar da destreza manual ou nos pulsos que os profissionais possuem; enquanto sistemas como Drive Parry e Drive Impact adicionam uma profundidade tática que equilibra a facilidade de execução com várias camadas estratégicas.
Com um modo single player robusto, um elenco variado de lutadores antigos e novos, e uma apresentação visual e sonora bombástica, Street Fighter 6 arrastou a franquia envelhecida para a era moderna. Tornou-se instantaneamente um pilar do Evo, favorito em livestreams e popular entre os casuais também — a nova versão da série eliminou qualquer dúvida sobre a longevidade de Street Fighter.
2º) Street Fighter III — The New Generation (1997); 2nd Impact: Giant Attack (1997); 3rd Strike: Fight for the Future (1999) 6t2428
Você talvez achasse que este seria o primeiro colocado, e com boa razão. Street Fighter III é amplamente considerado o ápice da série, tanto em termos mecânicos quanto estilísticos, e entrou para a história como um dos jogos mais intensamente competitivos já feitos. Lançado inicialmente em 1997 e culminando em sua forma final com 3rd Strike, em 1999, é na verdade um dos jogos menos íveis da franquia.
Foi a primeira tentativa da Capcom de rebootar a série, inicialmente deixando de fora todo o elenco querido pelos fãs, antes de ceder e reincluir alguns poucos personagens. Lançado paralelamente às séries Alpha e EX, criou uma base de fãs dividida: de um lado, jogadores casuais buscando diversão; do outro, reis dos fliperamas com conhecimento intricado de hitboxes e tempo de parry que intimidavam os novatos.
Mas, no panorama geral, é praticamente um jogo perfeito. Redesenhado para se distanciar dos sprites da série Alpha, apresenta alguns dos trabalhos em pixel art mais fluidos já feitos — um tipo de design 2D que a maioria dos jogos modernos nem consegue alcançar. É complexo, mas nunca complicado. Ajudou a definir o mundo dos esports, com uma presença marcante no Evo, que, claro, nos proporcionou o maior momento da história dos games competitivos.
1º) Street Fighter IV — Street Fighter IV (2008); Super (2010); Arcade Edition (2010); Ultra (2014) tn4v
Se Street Fighter II definiu o gênero, e Street Fighter III definiu sua comunidade, o que Street Fighter IV poderia trazer para superá-los?
Simples: ele salvou tudo.
Em 2008, o cenário dos games havia mudado dramaticamente desde os tempos áureos dos anos 1990. Os fliperamas estavam praticamente extintos, o domínio era dos consoles e do jogo online. As pessoas jogavam MMORPGs e FPS como Call of Duty. Street Fighter — e o gênero de luta como um todo — havia desaparecido do mainstream, com vendas em queda em todas as grandes franquias e apenas comunidades dedicadas lutando para manter a chama acesa.
Street Fighter IV mudou tudo isso. Foi um momento. Voltando às origens, com uma jogabilidade inspirada em Street Fighter II, mas introduzindo uma gama de novos conceitos e recursos de ibilidade, foi projetado para unir gerações. Utilizando modelos 3D lindamente renderizados, mas mantendo-se fiel ao seu plano 2D, jogava-se como as pessoas lembravam de Street Fighter, ao mesmo tempo em que criava algo totalmente novo.
Resgatando todo um gênero da beira do abismo, ajudou a abrir caminho para a revitalização dos jogos de luta — algo que ainda está em curso hoje. SFIV pode não ter inventado o gênero, mas é a razão pela qual ainda o estamos jogando.
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