O músico que matou a própria mãe após compor lindo hit com Eric Clapton 1wi6p
História de Jim Gordon é marcada pela autoria — ainda que contestada — da parte de piano de "Layla", assassinato e diagnóstico tardio de esquizofrenia 5s5v2m
O autor de um dos trechos de música mais belos da história do rock também cometeu um crime bárbaro. Esta é a história de Jim Gordon, baterista que se consagrou em uma série de projetos e conquistou o topo junto a Eric Clapton com "Layla" antes de ass a própria mãe e ser diagnosticado com esquizofrenia. 73623x
Nascido em 14 de julho de 1945 em Los Angeles, Estados Unidos, James Beck Gordon recusou aos 17 anos uma bolsa estudantil em música pela University of California, Los Angeles (UCLA) para seguir carreira profissional nos palcos, inicialmente com The Everly Brothers. A partir daí, iniciou uma trajetória brilhante ao tocar com Beach Boys (no lendário álbum Pet Sounds, de 1966), The Byrds, entre outros. Era o protegido de ninguém menos que Hal Blaine, um dos maiores bateristas de estúdio de todos os tempos.
Após ter feito uma turnê com o Delaney & Bonnie no período em que Clapton foi o guitarrista do projeto, recebeu o convite do próprio músico para fazer parte do supergrupo Derek and the Dominos. O projeto também trazia Bobby Whitlock (teclados) e Carl Radle (baixo), além dos guitarristas Duane Allman (The Allman Brothers Band) e Dave Mason. A banda gravou apenas um álbum, Layla and Other Assorted Love Songs (1970).
Duane, diga-se, não fazia parte do lineup inicial. Certo dia, o produtor Tom Dowd convidou Clapton e os demais músicos para um show da Allman Brothers Band em Miami Beach. Eric ficou "hipnotizado" e "apaixonado", segundo suas próprias palavras, com o que viu. Allman, que morreria em um acidente de moto em 1971, foi peça fundamental no disco, oferecendo arranjos de slide guitar que, naqueles tempos, nenhum outro guitarrista seria capaz de elaborar.
Mas veio do piano de Gordon, e não da guitarra de Clapton ou Allman, o momento mais impressionante de todo o álbum. "Layla", principal música do disco, tem duas partes incríveis: a primeira, com a banda inteira e um desfile tanto de guitarras incríveis quanto de vocais "sofrência" de um apaixonado Eric — inspirado pelo amor não correspondido de Pattie Boyd, então esposa de George Harrison e apenas futuramente sua mulher. Já a segunda, através das teclas acionadas por Jim, desacelera o ritmo e leva o ouvinte para uma viagem sonora impressionante, com Duane brilhando novamente com seu slide, ainda que como coadjuvante. Tão sensacional que a agem foi usada como trilha sonora de uma cena emblemática de Os Bons Companheiros (1990), filme de Martin Scorsese.
Acusação de plágio 6n5d35
O trecho conduzido por piano foi composto por Jim Gordon, o que lhe rendeu um crédito de coautoria num álbum de criação dominada por Eric Clapton e Bobby Whitlock. Curiosamente, a originalidade é contestada: a cantora e compositora Rita Coolidge, namorada do baterista à época, declarou posteriormente que aquela agem foi criada por ela. Em sua autobiografia, Delta Lady: A Memoir, a artista diz:
"Em uma tarde de 1970, Jim Gordon veio à minha casa em Hollywood, sentou-se ao piano e tocou para mim uma progressão de acordes que ele tinha acabado de compor... Enquanto tocávamos, uma segunda progressão de repente me ocorreu, uma contramelodia na tonalidade de G (Sol) que 'respondeu' e resolveu a tensão dos acordes de Jim e construiu um crescendo dramático que uniu o início e o fim da música... Jim e eu acabamos chamando-a de 'Time (Don't Let The World Get In Our Way)' e gravamos uma demo."
ado um ano, Coolidge ouviu "Layla" no rádio enquanto fazia uma sessão de fotos para lançar seu primeiro disco. A cantora ficou extremamente incomodada, pois jamais recebeu créditos.
"De repente, me dei conta: a música no rádio era minha, só que eu nunca a tinha gravado. As veias deviam estar saltando no meu pescoço. Eu gritei: 'Essa é a minha música! Essa é a minha música!'."
Bobby Whitlock confirma a versão de Rita Coolidge. Segundo o tecladista, "Jim pegou a melodia da música da Rita e não lhe deu os créditos pela composição". Apesar disso, a situação nunca foi levada à Justiça.
Por acaso 1kb2v
Talvez esteja tarde demais para discutir a real autoria da agem de piano de "Layla", então, resta apenas celebrar o que foi feito. E, segundo Eric Clapton, a ideia musical surgiu por acaso. Em entrevista de 2006 à Uncut, ele afirma, inicialmente:
"A parte do piano foi um puro acidente. Quando a banda saiu do estúdio, descobrimos que, sem que nós soubéssemos, Jim voltaria sorrateiramente e usaria o tempo para fazer seu próprio disco. Basicamente, ele estava nos roubando."
Quando Clapton descobriu o roubo de horas em estúdio, calhou de também ter ouvido a linda melodia que formaria a segunda parte de "Layla". Surgiu aí um trato:
"Certa noite, voltei ao estúdio para pegar algo e o peguei tocando aquele riff de piano. Acho que o acordo que oferecemos a ele foi: o deixaríamos continuar usando nosso tempo de estúdio para gravar seu disco se pudéssemos ter aquela música no LP. Acho que ele nunca terminou o álbum, mas o trecho de piano se encaixou perfeitamente no que estávamos fazendo e agora a música simplesmente não soa bem sem ele."
Jim Gordon mata a própria mãe i3x32
Ao longo da década de 1970, Jim Gordon foi creditado por inúmeras gravações com George Harrison, Frank Zappa, Joe Cocker, Harry Nilsson, Johnny Rivers, Steely Dan, Alice Cooper e muitos outros nomes. Tornou-se um dos músicos de estúdio mais requisitados no período.
Todavia, Gordon sofria de esquizofrenia. Ele já apresentava sintomas na década de 1970, mas não havia sido diagnosticado até então. Durante uma turnê com Joe Cocker, chegou a dar um soco em Rita Coolidge, que, como citado, era sua namorada à época.
O problema de saúde avançou de tal modo que, no dia 3 de junho de 1983, Gordon assassinou a própria mãe, Osa Marie Gordon, que tinha 72 anos de idade. Ele a agrediu com um martelo e depois a esfaqueou após, segundo seu relato, ter sido guiado por uma voz que mandou matá-la.
A doença foi diagnosticada de fato somente após a prisão de Jim. Apesar disso, ele não pôde alegar problemas mentais em seu julgamento. Foi condenado à prisão perpétua, podendo solicitar liberdade condicional após 8 anos. Porém, o baterista nunca compareceu às audiências para fazer o pedido.
Jim Gordon morreu em 13 de março de 2023, aos 77 anos. Um breve comunicado afirmou na ocasião que ele faleceu de causas naturais após "um longo encarceramento e uma batalha vitalícia contra doenças mentais".
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