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Hozier se afasta do chavão de 'criatura mística' para entregar show humano e emocionante em SP 3w6o4h

Pouco antes da apresentação, cantor falou sobre ser 'pé no chão' e sobre lado 'oculto' do sucesso em entrevista ao 'Estadão'; performance teve até pedido da plateia acatado 272m6i

31 mai 2025 - 00h47
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Há um ano, Hozier se apresentava pela primeira vez no Brasil. Fez um show arriscado para um nome que não era um dos headliners - seu último sucesso estrondoso à época, Take Me to Church, completava 10 anos. Impressionou com a sintonia com a plateia e fez uma das melhores apresentações daquela edição do festival.

Agora, ele voltou para seu primeiro show solo no País e com um sucesso "fresquinho" nas costas, Too Sweet, seu primeiro hit número 1 nos EUA. Ironicamente, a letra é sobre um tipo de "bad boy" que toma whisky puro, dorme às 3h da manhã e nega uma mulher "doce demais" para ele.

Pouco antes da apresentação do cantor no Espaço Unimed nesta sexta, 30, o Estadão encontrou uma figura bem diferente do "bad boy" de Too Sweet. Hozier, na verdade, sabe que é um verdadeiro "gentleman": fala com uma voz gentil, puxa assunto antes da entrevista e deixa os cabelos à la Jesus Cristo presos em um coque frouxo.

"Eu não sei se eu o tanto essa vibe de 'bad boy'", ri. Ele também nega veementemente a visão que os fãs têm dele de ser uma espécie de "criatura etérea" que se isola para compor. "Eu me sinto muito apegado à terra, tenho que dizer. Sou absolutamente um pouco 'pé no chão' demais."

Hozier durante sua apresentação no Lollapalooza 2024.
Hozier durante sua apresentação no Lollapalooza 2024.
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Ser humano demais, na verdade, é o que parece diferenciar Hozier de tantos artistas. Em seu show no Espaço Unimed, o cantor separou inúmeros momentos para apresentar sua equipe - o que inclui até os engenheiros de som e os seguranças - e para interagir com os fãs.

Não ignorou nem os pedidos acalorados para que tocasse First Time, de seu último álbum. Olhou para a banda esperando uma confirmação, que veio: "Ok, eu tinha separado outra música para vocês, mas acho que podemos tocar essa".

Os infernos de Dante 381w62

Hozier é tímido em relação a isso, mas é o tipo de homem culto que leva um rio de referências às suas músicas. Durante a pandemia, resolveu ler as 700 páginas de A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Dos nove círculos do inferno, surgiu seu último álbum, Unreal Unearth, que dá nome à turnê que apresentou em São Paulo.

No palco, as referências estavam lá: a luxúria, a gula, a traição… Tudo se confundia a figura de Hozier, que arrancava sorrisos com letras mais sentimentais como em Cherry Wine - momento em que tocou literalmente no meio da plateia. Não era raro ver alguém enxugando as lágrimas.

Hozier baseou seu último álbum em 'A Divina Comédia', de Dante Alighieri.
Hozier baseou seu último álbum em 'A Divina Comédia', de Dante Alighieri.
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Mas isso não quer dizer que não há nada dos "pecados capitais" nele. Ao Estadão, ele confessou que a "persona autodestrutiva" de Too Sweet foi inspirada em sua versão mais jovem, mas há algumas coisas que ainda seguem: "Eu não consigo dormir até três ou quatro da manhã".

Logo no início da apresentação, o cantor também acatou pedidos para que soltasse o cabelo, que começou preso em um coque. Ele parecia querer olhar cada membro da plateia nos olhos, se deslocava e brincava no palco, cada vez mais à vontade. Era seu lado "bad boy" aflorado.

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Um dos auges do show se repete como foi no Lollapalooza: o público canta Take Me to Church como se fosse um verdadeiro hino religioso, mesmo que não tenha nada a ver com isso. Hozier bate no peito no refrão e pede que a plateia o acompanhe. Ao final, em um de seus momentos políticos, pendura bandeiras LGBTs em seu microfone.

O cantor, sempre engajado com esse tipo de questão, disse ao Estadão que preferiu não abordar a política brasileira em seu show. "É fácil alguém de fora chegar e opinar sobre uma experiência que não é vivida", disse. Na penúltima música, Nina Cried Power, de seu primeiro álbum, reservou um tempo para fazer um longo discurso contra a guerra em Gaza.

É engraçado ver Hozier ainda colhendo o sucesso de 10 anos atrás, época que lançou o disco de estreia que leva seu nome. Sucesso, na verdade, ainda é um assunto complexo para ele.

"Existem partes do sucesso que vêm com complicações… Definitivamente, muda as coisas", disse antes do show. "Existem diferentes expectativas e projeções que acompanham o ser bem-sucedido ou estar naquele mundo dos cinco primeiros hits nas paradas. Mas, de alguma forma, eu sempre consigo me esconder e ir para um lugar de criação, de rejuvenescimento e restauração novamente."

Tanto é verdade que ele resolve encerrar seu show em São Paulo com um hit sem o mesmo apelo de Too Sweet e Take Me to Church. As notas graves de Work Song tomaram conta do Espaço Unimed com uma participação surpresa da cantora Laufey entoando com o artista: "Quando minha hora chegar, coloque-me gentilmente na terra escura e fria. Nenhum túmulo pode segurar o meu corpo, eu vou rastejar de volta até ela". Existe declaração de amor mais Hozier que essa?

Estadão
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