Script = https://s1.trrsf.com/update-1748548509/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Alice Cooper fala à RS sobre show no Brasil, livro dos recordes, Nita Strauss e ex-companheiros 2d6s70

Bate-papo com o rei do shock rock antecede apresentação única em São Paulo, como parte do festival Best of Blues and Rock 4h959

28 mai 2025 - 19h29
Compartilhar
Exibir comentários
Alice Cooper em 2024
Alice Cooper em 2024
Foto: Roberto Finizio / Getty Images / Rolling Stone Brasil

"Estou em algum lugar na Pensilvânia", diz um simpático Alice Cooper nos momentos iniciais da entrevista à Rolling Stone Brasil. Um de seus assessores informa que o cantor está em Scranton. O repórter, claro, não deixa ar a oportunidade de dizer: é a mesma cidade nos Estados Unidos onde se a o seriado The Office. Este detalhe não é comentado, mas o cantor, uma das vozes mais importantes da história do hard rock, tem aparência frequentemente comparada à de Steve Carell, protagonista do programa. 3z5p1l

Não saber a cidade onde estava naquele momento havia sido um raro momento de confusão de Cooper ao longo do bate-papo. A lucidez do artista impressiona: no alto de seus 77 anos, mais de 55 deles dedicados à música como profissão (e uma porção desse tempo com vícios felizmente superados ainda na década de 1980), o "rei" do shock rock responde a todas as perguntas de modo objetivo. Sem pausas longas para pensar, titubear ou adotar abordagens prolixas.

Alice, personagem artístico de Vincent Damon Furnier, está bem como sempre — e o público brasileiro poderá conferir isso de perto dia 14 de junho, quando ele se apresenta como atração principal de um dos dias do festival Best of Blues and Rock. O evento no Parque Ibirapuera, em São Paulo, receberá em outras datas nomes como Deep Purple, Dave Matthews Band, Richard Ashcroft e mais. Há ingressos à venda no site Eventim.

Alice Cooper em 2024 -
Alice Cooper em 2024 -
Foto: Roberto Finizio / Getty Images / Rolling Stone Brasil

O que esperar deste show, a ser realizado junto a Nita Strauss (guitarra), Ryan Roxie (guitarra), Tommy Henriksen (guitarra), Glen Sobel (bateria) e Chuck Garric (baixo)? Para além de uma excelente performance e de todos os elementos teatrais, Cooper adianta que o repertório deve ser o mesmo executado na atual etapa da turnê Too Close for Comfort nos Estados Unidos — a tour que o fez parar "em alguma cidade da Pensilvânia". Bastante abrangente, o setlist percorre 12 de seus 29 álbuns de estúdio, com hits a exemplo de "Poison", "School's Out", "No More Mr. Nice Guy" (logo entre as primeiras), "I'm Eighteen" e "Feed My Frankenstein" (no encerramento) junto a lados B como "Snakebite", "Lost in America" e "Lock Me Up" (surpreendentemente na abertura).

Alice sabe que é a estrela da noite, mas faz questão de exaltar seus companheiros de turnê:

"Acho que tenho a melhor banda de todas na estrada. Tenho a Nita Strauss, a 'Hurricane Nita', vencedora do prêmio de Guitarrista da Década da revista Guitar World. Tenho Glen Sobel, que ganhou o prêmio de Melhor Baterista do Rock [Drummies Award na categoria Hard Rock em 2016]. A banda é cheia de músicos incríveis."

Um — ou melhor, uma — integrante rende até mesmo uma declaração à parte. Strauss esteve fora da banda entre 2022 e 2023, quando excursionou ao lado da cantora pop Demi Lovato, com direito a shows no Brasil no período. Cooper resume o período a "um ano de folga" por parte da talentosa guitarrista.

"Ela só tirou um ano de folga, pois queria tocar com a Demi por um ano. Achamos ótimo, pois ela sempre será integrante. Nunca haverá um momento em que ela não seja integrante da banda. Meio que demos a ela uma licença de um ano e usamos guitarristas diferentes [mais especificamente Kane Roberts, que tocou com Alice na década de 1980], mas ela sempre esteve na banda. E em todas as noites, ela se destaca. Todos se destacam, mas ela é um show à parte."
Nita Strauss em 2024 -
Nita Strauss em 2024 -
Foto: Mariano Regidor / Redferns / Rolling Stone Brasil

Deep Purple e longevidade 3q134p

Outra atração bem veterana divide o lineup do Best of Blues and Rock com Alice Cooper: o Deep Purple, que se apresenta no dia seguinte, 15 de junho. A relação é de longa data, já que os dois realizaram turnês juntos, compartilham do mesmo produtor (Bob Ezrin, que também trabalhou com Pink Floyd, Kiss e mais) e são tão amigos a ponto de os integrantes da banda inglesa terem sido chamados para a festa que, em 2023, celebrou os 75 anos do cantor americano — ali, inclusive, o Purple compôs uma música, "Show Me".

Cooper reconhece a amizade com os ingleses, mas trata com naturalidade: por estar no ramo há tanto tempo, ele garante conhecer "todo mundo".

"Tenho uma longa história com o Deep Purple. Começamos na mesma época [fim da década de 1960], fizemos muitos shows juntos. Realmente conhecia os caras muito bem. Eles tiveram muitos cantores e músicos diferentes na banda. Mas é simplesmente uma espécie de irmandade: estar no rock and roll é meio fraternal, todo mundo conhece todo mundo."
Ian Paice (esq.), baterista do Deep Purple, com Alice Cooper (dir.), além de Micky Moody e John Paul Jones, em 2012 -
Ian Paice (esq.), baterista do Deep Purple, com Alice Cooper (dir.), além de Micky Moody e John Paul Jones, em 2012 -
Foto: Christie Goodwin / Redferns via Getty Images / Rolling Stone Brasil

E o que motiva caras em idade avançada, como Alice e os membros do Deep Purple — a maioria deles com mais de 75 anos —, a continuarem na estrada? Cooper, que fez quase 80 shows no ano ado e bateu a marca de 90 apresentações em 2022, reflete:

"Se fosse só pelo dinheiro, teríamos nos aposentado há 30 anos, porque ganhamos muito dinheiro. Artistas e bandas como os Rolling Stones, Paul McCartney e afins seguem fazendo isso porque nasceram para isso. Eu nasci para interpretar Alice Cooper, então, farei isso até que eu não possa mais. Nunca me canso de interpretar o personagem, nem da música. É impossível ficar entediado quando se está em uma banda onde todos são amigos e ainda pode viajar pelo mundo."

No Brasil, um show recordista 1q2w6r

Em meio às viagens pelo mundo citadas na resposta anterior, Alice Cooper esteve no Brasil por outras sete vezes, uma delas com o supergrupo Hollywood Vampires. A visita inaugural ocorreu quando tudo "ainda era mato": entre março e abril de 1974, muito antes de o maior país da América do Sul se tornar rota frequente de shows internacionais. Artistas como Bill Haley e Carlos Santana já tinham aparecido por aqui, mas Cooper foi o responsável pelo primeiro grande espetáculo de rock estrageiro em território nacional.

À época, ele realizou três apresentações em São Paulo (todas no Salão de Exposições do Anhembi) e outras duas no Rio de Janeiro (uma no Canecão e outra no Ginásio do Maracanãzinho). Um dos compromissos na capital paulista chegou a bater um recorde citado com orgulho por Alice:

"Ainda está no Guinness Book como o maior público em local fechado de todos os tempos: 158 mil pessoas [no Salão de Exposições do Anhembi]. Temos boas lembranças do público brasileiro, especialmente das vezes que fomos ao Rock in Rio, pois também adoram o Hollywood Vampires. Agora, imagine colocar 160 mil pessoas num lugar fechado. É uma cidade inteira. Se todos batem palmas, fica tão alto que você não acredita. Até hoje falamos sobre aquele show no Brasil, foi um evento enorme e magnífico."

As outras visitas reuniram públicos massivos, como os shows nos festivais Monsters of Rock 1995, Rock in Rio 2015 (com Hollywood Vampires) e 2017 e São Paulo Trip 2017. Independentemente disso, Vincent Furnier garante:

"Se alguém tae seus olhos e falasse: 'não vamos te dizer onde você está', quando você está no palco, você saberia que está no Brasil. É sempre uma plateia enorme."
Alice Cooper em 2024 -
Alice Cooper em 2024 -
Foto: Matthew Baker / Getty Images / Rolling Stone Brasil

Novo álbum e reunião da Alice Cooper Band i595

Quando Alice Cooper diz no plural que "falamos até hoje sobre aquele show no Brasil", ele se refere aos colegas de grupo daquela época. Até a primeira metade da década de 1970, "Alice Cooper" era, além de seu nome artístico, nome de uma banda que contava com Glen Buxton (guitarra solo; falecido em 1997 devido a uma pneumonia viral), Michael Bruce (guitarra rítmica e teclados), Dennis Dunaway (baixo) e Neal Smith (bateria).

Cooper, Bruce, Dunaway e Smith têm se reunido frequentemente nos últimos anos para eventos esporádicos, como participações em shows ou colaborações em músicas isoladas. Todavia, isso mudou: em junho próximo, o quarteto remanescente daquela época lança The Revenge of Alice Cooper, seu primeiro álbum desde 1973. O guitarrista Gyasu Heus ocupa a vaga de Buxton, embora gravações do saudoso músico tenham sido recuperadas e aproveitadas.

Para Alice, a parceria foi retomada de forma natural, pois, segundo ele, o rompimento em 1975 ocorreu não por "divórcio" e sim por uma simples "separação". Desde então, todos mantiveram contato e "ninguém processou ninguém".

"Quando eu estava trabalhando nos meus álbuns, eu ligava para o Dennis e dizia: 'quer tocar em uma música?'. Ou se estivéssemos na cidade e Neal e Dennis também estivessem, eu sempre dizia: 'suba no palco e toque 'School's Out' ou o que você quiser tocar'. Como sempre fomos amigos, em certo momento eu simplesmente disse: 'Por que não nos juntamos e fazemos um álbum? As pessoas provavelmente gostariam de ouvir como o Alice Cooper, a banda original, soaria 50 anos depois'. E o engraçado é: quando terminamos, ele soava como um álbum de 1975. Não tentamos fazer soar assim, é só o nosso jeito."
Alice Cooper Band em 1972 (E-D): Glen Buxton, Alice Cooper, Michael Bruce, Dennis Dunaway e Neal Smith -
Alice Cooper Band em 1972 (E-D): Glen Buxton, Alice Cooper, Michael Bruce, Dennis Dunaway e Neal Smith -
Foto: Michael Putland / Getty Images / Rolling Stone Brasil

O artista, inclusive, garante que sentiu muita falta dos ex-colegas quando deu início à sua carreira solo propriamente dita, com Welcome to My Nightmare (1975). Embora tenha mantido o nome artístico, o cantor enxergava toda a sua obra até ali como um trabalho de banda. Apesar disso, a continuidade deu certo, visto que o disco cinquentenário fez enorme sucesso, ao ponto de conquistar certificação de platina nos Estados Unidos e platina dupla no Canadá e Austrália.

"Welcome to My Nightmare foi uma aposta para mim. Havia ado a vida inteira com os outros caras da banda original. Porém, chegou a um ponto em que a banda se tornou disfuncional e todo mundo queria fazer seu próprio álbum. Então, eu fiz o meu próprio álbum e foi com o Bob Ezrin. Não esperava que fizesse tanto sucesso. Foi ótimo. E continuei, mas sentia falta dos caras originais."

O primeiro single de The Revenge of Alice Cooper, "Black Mamba", já está disponível nas plataformas de streaming. A faixa conta com uma participação pra lá de especial: Robby Krieger, guitarrista do eterno The Doors, gravou os solos. Cooper garante, porém, que Krieger é o único convidado.

"São basicamente esses caras. Não usamos muitos guitarristas solo, porque Gyasi tocou a maior parte. Robby foi perfeito para 'Black Mamba'. Só conseguia pensar nele para gravar essa música, pois imaginei aquele tipo de guitarra do The Doors, aquela guitarra sinuosa que só ele sabe tocar. Além disso, Michael Bruce tocou muita guitarra no álbum."

Ainda que de modo não declarado, The Revenge of Alice Cooper é uma homenagem a Glen Buxton. Segundo o cantor, todo o álbum é dedicado ao guitarrista solo original.

"Todos sentimos falta de Glen Buxton. O álbum inteiro é dedicado a ele. Ele era o cara favorito de todo mundo. E quando ele faleceu, foi como se tivéssemos perdido uma parte muito grande da personalidade da banda. Era como se ele fosse o nosso Keith Richards. Então, o álbum inteiro é dedicado a ele."

Serviço — Best of Blues and Rock 2025 30205i

Local: Parque Ibirapuera, São Paulo

Lineup:

  • Sábado, 7 de junho: Dave Matthews Band, Richard Ashcroft, Cachorro Grande, Vitor Kley
  • Domingo, 8 de junho: Dave Matthews Band, Richard Ashcroft, Barão Vermelho, Soul Lee: Paula Lima canta Rita Lee
  • Sábado, 14 de junho: Alice Cooper, Black Pantera, Charlie Brown Jr Marcão Britto & Thiago Castanho
  • Domingo, 15 de junho: Deep Purple, Judith Hill, Hurricanes

Ingressos: Eventim 

+++ LEIA MAIS: Deep Purple fala à RS sobre show no Brasil, longevidade, Alice Cooper e Black Sabbath

+++ LEIA MAIS: Quando o Ghost pretende vir ao Brasil, segundo Tobias Forge

+++ LEIA MAIS: Barão Vermelho fala à RS sobre show no Best of Blues and Rock, Cazuza, novidades e mais

+++ LEIA MAIS: Outras entrevistas conduzidas pelo jornalista Igor Miranda para a Rolling Stone Brasil

+++ Siga a Rolling Stone Brasil @rollingstonebrasil no Instagram

+++ Siga o jornalista Igor Miranda @igormirandasite no Instagram

Rolling Stone Brasil Rolling Stone Brasil
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade